O Mito do Brainstorming – “Ele não funciona”

*** *** ***

*** *** ***


Há quem pense que pode fazer tudo com apenas uma só ferramenta! Fracassando, diz que é a ferramenta que não serve.

Você não monta um armário com apenas uma ferramenta; não constrói castelos apenas com um malho e um cinzel.

É a escolha das ferramentas certas que montarão um conjunto correto para gerar ideias e identificar as causas raízes! O Brainstorming é uma delas.

São muitas as ferramentas da qualidade que costumamos empregar em solução de problemas e o Brainstorming é uma delas, realmente, consagrada em todo o mundo corporativo.

Alguns articulistas têm matérias publicadas sobre a ineficácia do método de brainstorming e baseiam-se em estudos que tentam mostrar que a técnica não contribui para a criação de novas ideias e para a solução de problemas. Esse assunto a respeito da ineficácia do brainstorming vem sendo tratado e debatido há muito tempo, inclusive à luz de alguns experimentos oriundos do mundo acadêmico.

A consciência de equipe é importante

Um dos argumentos daqueles que criticam o método é que ideias criativas, necessariamente, não são, exclusivamente, obtidas em grupo. Indivíduos isolados em seus espaços exclusivos de trabalho podem ter ideias tão ou mais fantásticas do que se estivessem em grupos. É uma verdade. Foi assim com muitos cientistas famosos. Em condições de isolamento, muitas descobertas incríveis aconteceram!

Temos aí, no entanto, um descuido de amador, quando vemos a técnica de brainstorming, simplesmente, como um trabalho grupal gerador de ideias, na maioria delas sem importância. Aí reside uma visão deturpada do método.

Uma reunião de brainstorming, antes de qualquer coisa, reúne pessoas em volta de um objetivo comum, o que dá a todos os envolvidos, ao mesmo tempo, um cenário de uma situação importante a ser trabalhada por um corpo de profissionais, bem como a projeção de que cada membro é componente de uma equipe especial criada pelo brainstorming.

Quando falamos em gerar boas ideias de vendas ou quando estamos a tentar identificar uma possível causa raiz de determinada não conformidade, podemos deixar a tarefa para apenas um “Mago” da questão ou a entregamos para um grupo dedicado a ela. A segunda opção, trabalhada de maneira correta, historicamente já se mostrou realmente eficaz, além de propiciar o fortalecimento de times.

A geração de centelhas é um dos benefícios

Para profissionais que já tiveram a oportunidade de participar de processos de brainstorming bem conduzidos, não é difícil identificar situações passadas nas quais uma ideia considerada com pouca importância, ditada por um, pode ter provocado a geração de uma ideia maravilhosa, ditada por outro. Isso mesmo! Como uma centelha que estimulou uma nova ideia!

Convenhamos… obter essa ajuda involuntária de terceiros quando se está à sós é impossível!

O Mago, por vezes, só atrapalha

Apesar dos meus mais de “trinta anos de estrada” tenho de ter a humildade de entender que um vício perigoso em exercícios de análise e resolução de problemas pode estar exatamente nas experiências e nos sucessos do passado para resolver as questões do presente. Em outras palavras, aquele “Mago” que aconselha você a resolver, em cima da sua vasta experiência, talvez não seja o seu melhor amigo nessas horas.

Poder contar com o inconformismo e a criatividade de outros profissionais, alguns mais jovens, em grupos de brainstorming, é poder contar com novas e muitas vezes, melhores ideias!

Alguns falarão de mais, outros de menos e outros nem falarão

Muitos críticos do brainstorming contam seus fracassos vividos em grupos que pouca ou nenhuma contribuição foi obtida.

Será assim em qualquer atividade na sua empresa, quando tratamos de envolvimento, compromisso e empenho, caso se espere, de maneira passiva e sem a técnica necessária, os resultados caindo do céu.

Assim, bem conduzidos, sob uma liderança que conheça a metodologia, os grupos em brainstorming geram excelentes resultados. Vale dizer que cada caso é um caso, e que para cada caso, existe um tipo de brainstorming diferente a ser empregado. Cabe ao líder escolher a metodologia e o melhor tipo.

Colocando a questão de outro modo e usando a simples e modesta ferramenta conhecida como “chave de fenda”. Ora, primeiro temos de identificar a oportunidade certa de usá-la, ou melhor, o momento de usá-la; depois, temos de saber qual o tipo de chave temos de empregar. Depois, temos de saber usá-la!  Só a chave de fenda, por exemplo, nos oferece uma enorme variedade para usos dos mais diversos. São vários tipos! Temos a tradicional, a Phillips, a Torx, a Pozidriv, a Allen ou Hexagonal e vai por aí a fora!

É possível que você ouça ou leia que a ferramenta é ruim e descobre que seu uso foi incorreto ou descobre que o tipo de ferramenta usado não se aplicaria ao caso. Isso pode acontecer também com o brainstorming.

Como tipos de brainstorming, podemos empregar o estruturado, o não estruturado, o reverso e o silencioso onde até mesmo os colaboradores mais tímidos poderão oferecer ótimas ideias, sem qualquer cerceamento.

Parecem reuniões intermináveis de happy hour

A falta de um coordenador experiente na ferramenta que saiba motivar, mas saiba também conduzir o grupo pode, mesmo, transformar o brainstorming em um agradável e ineficaz encontro. Como as reuniões corporativas de maneira geral, quando não são conduzidas de maneira adequada, qualquer trabalho de grupo pode acabar em fracasso.

Então, não será difícil identificar entre aquelas pessoas que criticam o Brainstorming com aquelas outras que não sabem, na prática, conduzir qualquer tipo de grupo de trabalho.

O tempo bem estipulado de início e término da atividade é importante, mas o tempo de duração de um brainstorming é fator crítico de sucesso da ferramenta.

Como uma chave de fenda, usado por um tempo inferior ao necessário, não vai funcionar; usado por um tempo acima do necessário vai dar errado, na certa.


O que assegura que a ferramenta é boa, é a cabeça de quem a escolheu e a  mão de quem a domina; e isso também vale para o Brainstorming.


Licença Creative Commons
O trabalho O Mito do Brainstorming – “Ele não funciona” de Carlos Santarem está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

*** *** ***


Por Santarem

• Diretor da Santarem - Qualidade em Consultorias • Escritor, Palestrante, Farmacêutico, Tarólogo, e Terapeuta Floral • Profissional com mais de 30 anos de experiência com atuação de comando em controle de qualidade, produção, garantia da qualidade, treinamento, engenharia e logística, em cargos de liderança como de gerência e diretoria. • Farmacêutico Bioquímico com habilitação em indústria e análise de alimentos e indústria farmacêutica * CRF-RJ: 3351 • MBA em Pós-graduação Latu Sensu MBA Gestão da Qualidade pela FGV - Rio de Janeiro. • Professor de pós-graduação do Módulo Gestão da Qualidade no Instituto Hahnemanniano do Brasil. • Autor dos livros “Reino dos Sensos”, “Eu mereço um dia com boas práticas”, "Sensos da Qualidade - E o segredo da sobrevivência e do Sucesso", "A Odisseia de um pequeno ato de inclusão" e “Autora, a foca albina – Uma história que trata sobre pertencimento” • Especializações: Gestão da Qualidade; Boas Práticas, ISO Lead Auditor, Ouvidoria e Perito Judicial. • Tarólogo com mais de 40 anos de experiência. • Terapeuta floral com especialização registrada no Conselho Regional de Farmácia – CRF-RJ. • Principais Prêmios e Títulos 2013: Prêmio Excelência Profissional “Levy Gomes Ferreira” em Mídia Eletrônica Farmacêutica 2011: Moção de Louvor, Aplausos e Congratulações pelos excelentes serviços prestados ao Estado. Assembleia Legislativa – RJ. 2007: Ordem do Mérito Farmacêutico Internacional - Grande Oficial- Conselho Federal de Farmácia. 2006-Diretor Presidente (2006-2007), CRF-RJ. 2005-Diretor de Cursos (2005-2007), Associação Brasileira de Farmacêuticos. Ver mais na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/9200969137222017

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Acesso restrito
Ir para o conteúdo